quarta-feira, 15 de outubro de 2014

CAO 4 - "Todos Diferentes, Todos Iguais"

A sala CAO 4 no Centro de Atividades Ocupacionais do CIRE, orientada pela monitora Celeste Lourenço, é frequentada diariamente por vários utentes com caraterísticas muito especiais e com diferentes apetências para a realização das tarefas propostas pela monitora.


O grupo do CAO 4 é composto por 18 utentes - Andreia Barata, Bruno Homem, Carolina Oliveira, Carlos Freitas, Cláudia Vanessa, Elvira Oliveira, Fátima Madeira, Leonel Lopes, Letícia Monteiro, Luís Filipe, Luís Sousa, Manuela Pérsio, Márcio, Marco António, Pedro Sousa, Rodrigo Branco, Rui Pinto e Tó Zé - cujo espetro de idades vai desde os 17 anos - Marco António - até aos 52 anos - Carlos Freitas e Fátima Madeira - o que representa uma grande heterogeneidade que, aliada às suas personalidades bastante marcadas, representa a cada dia um enorme desafio para a monitora Celeste que tenta arranjar a melhor forma de manter o equilíbrio entre todos

Para tal, a monitora desta sala preocupa-se em atribuir tarefas específicas a cada um dos utentes, de acordo com as suas capacidades, para que estes se possam sentir mais motivados e sobretudo capazes de corresponder aos objetivos que lhes são propostos.

O utente Pedro Sousa, por exemplo, está muito ligado à componente musical tanto dentro como fora da sala CAO 4 e, como tal, a monitora Celeste achou interessante explorar esse gosto e proporcionar-lhe a possibilidade de expandir os seus horizontes musicais por intermédio de um órgão. Desta forma, não só o Pedro se sente muito mais entusiasmado por saber que vai fazer o que gosta, mas também os seus colegas se sentem muito mais descontraídos a realizar as suas próprias tarefas ao som melodioso do órgão tocado pelo colega Pedro.



Por vezes, a alegria chega a ser tanta que se dão mini-concertos na sala CAO 4, uma vez que ao som do órgão se juntam as vozes de alguns utentes da sala, como é o caso do Rui Pinto e da Letícia Monteiro.

Ainda no âmbito artístico existe um utente desta sala, o Tó-Zé, que prefere dedicar-se integralmente à realização das suas pequenas grandes obras de arte: desenhos minuciosos criados a partir de dezenas de formas diferentes com recurso a materiais que aparentemente já não teriam mais nenhum uso, ou seja, que poderiam ser considerados lixo. 



O Tó-Zé desde há uns anos para cá que se tem dedicado à realização de centenas de trabalhos destes tendo até já tido a oportunidade de expor algumas dessas obras em Lisboa. Para já, o Tó-Zé continua a alargar o seu "património" tendo sempre em mente a possibilidade de um dia voltar a fazer uma nova exposição dos seus trabalhos, mostrando ao público aquilo de que é capaz mesmo apesar das suas limitações.

Mas, não é só de arte que esta sala "vive" mesmo porque no CAO 4 existe também espaço para a continuação da escolarização promovendo a cimentação dos conhecimentos e noções básicas que alguns dos utentes - Rui Pinto, Carolina Oliveira, Manuela Pérsio, Cláudia Vanessa e Rodrigo Branco - já foram adquirindo ao longo dos anos, nomeadamente ao nível da escrita, leitura e contagem. Para tal, são realizadas fichas de trabalho temáticas que incidam sobre diversos temas simples mas bastante importantes para a vida em sociedade.



No âmbito da adaptação à vida em sociedade, a monitora Celeste procura ainda que os seus utentes interajam diretamente com a sociedade pelo menos uma vez por semana, através da realização de um treino de autonomia que promove a socialização. Este treino consiste numa ida ao café todas as quintas-feiras depois do almoço, em que cada um dos utentes leva o seu próprio dinheiro e paga a sua própria despesa, com o intuito de lidarem de perto com o dinheiro e melhor compreenderem o seu valor.



No caso específico do casal de namorados Elvira e Luís Filipe a dinâmica de pagamentos dos cafés é ligeiramente diferente dos demais colegas porque em vez de cada um pagar simplesmente o seu café em cada ida ao café, eles preferem pagar cada um uma semana.

Ainda a propósito dos namoros, nesta sala existem 3 pares de namorados - Elvira Oliveira e Luís Filipe, Cláudia Vanessa e Carlos Freitas, Fátima Madeira e Tó-Zé - e mais 2 utentes que têm namoros com utentes de outras salas - Rui Pinto e Isabel Canário (CAO 2), Bruno Homem e Andreia Faria (CAO 7) - o que representa que claramente o "amor anda no ar" nesta sala.

Importa referir que nesta sala também são feitos teares, cordão para aproveitar as lãs para fazer os teares e também se presta auxílio na realização de certo tipo de trabalhos sazonais, por exemplo, na época natalícia.



No que concerne ao grau de autonomia dos utentes que frequentam esta sala, pode dizer-se que excetuando a utente Andreia Barata, que necessita de apoio nas idas à casa de banho e às refeições (cortar a comida), e o utente Rodrigo Branco, que necessita de supervisão para descer as escadas e para levar/arrumar o seu tabuleiro do almoço, os demais utentes são bastante autónomos e possuem uma considerável desenvoltura no que diz respeito à realização de tarefas do quotidiano.

A monitora Celeste conta já com 33 anos ao serviço da nossa instituição tendo já passado pela antiga Educacional, onde estava ligada à música e às AVD's, e pelo Centro de Atividades Ocupacionais onde permanece até hoje e já foi responsável pelo grupo CAO 7. Atualmente orienta o CAO  4. 



Para a monitora do CAO 4 o "Importante é sentirem-se felizes e não oprimidos, embora também tenham que ter regras" e é muito por causa desta postura por parte da orientadora deste grupo que se consegue alcançar uma certa harmonia entre todos os utentes que frequentam esta sala. O carinho e  compreensão entre a monitora e os utentes é uma realidade inegável que é muito bem observável a cada interação nesta sala.

2 comentários:

Anónimo disse...

Jorge Manuel Costa Figueiredo
ana filipa costa figueiredo

Manuel Jorge Rodrigues Figueiredo
julia costa maria pegues
tia maria costa olinda pegues
maria ines costa pegues

locos tia olinda coçaos pegues

avó maria costa pegues

Anónimo disse...

Como no palco o ator que é imperfeito
Faz mal o seu papel só por temor,
Ou quem, por ter repleto de ódio o peito
Vê o coração quebrar-se num tremor,

Em mim, por timidez, fica omitido
O rito mais solene da paixão;
E o meu amor eu vejo enfraquecido,
Vergado pela própria dimensão.

Seja meu livro então minha eloqüência,
Arauto mudo do que diz meu peito,
Que implora amor e busca recompensa

Mais que a língua que mais o tenha feito.
Saiba ler o que escreve o amor calado:
Ouvir com os olhos é do amor o fado.