CAO 3 - Amizade e Entreajuda

A sala CAO 3 no Centro de Atividades Ocupacionais do CIRE, orientada pela monitora Maria João,  é frequentada por 11 utentes portadores de algum grau de dependência que obriga a que todos os trabalhos desenvolvidos nesta sala sejam projetados e pensados no sentido de explorar as capacidades de cada um da melhor forma possível, dentro das limitações que possuem.

No CAO 3 todos os dias são desenvolvidas diferentes atividades lúdicas que vão desde os trabalhos de expressão plástica (pintar, recortar, colar), às fichas de trabalho, aos jogos de encaixe até às tarefas que procuram promover a continuidade da exploração das competências escolares de alguns utentes. Paralelamente, aquando das épocas festivas, os utentes desta sala realizam  também diversos trabalhos temáticos.

Todos os utentes possuem uma capa com o respetivo nome e devidamente decorada por eles onde vão colocando todos os trabalhos que realizam no CAO 3, sendo alguns deles alvo de "classificação" (ex: muito bom com ajuda; muito bom sem ajuda; etc.) o que faz com que os utentes desta sala tenham sempre uma enorme vontade de se superarem a eles próprios para poderem obter melhores "notas". Esta "competitividade" acaba por ser saudável porque é uma "competitividade" para com eles mesmos e não para com os colegas, uma vez que eles gostam de ver os colegas a serem igualmente bem sucedidos.

De facto, os utentes do CAO 3 são uns "trabalhadores natos" e estão sempre dispostos, apesar suas dificuldades, a fazer as tarefas propostas pela monitora Maria João ao som da música que os inspira e motiva ainda mais.

Dos 11 utentes que frequentam esta sala - Rubén Vilhais, Maria José (Zeca), Fernanda Maria, Ana Filomena, Susana Catarina, Ana Jorge, Neuza, Dário, Alfredo, Carla Emília, Carla Oliveira - alguns frequentam outros ateliers/salas (ex: Atelier 2, Atelier 1, Jardinagem, AVD, Lojinha CIRE, etc.), as sessões de hipoterapia e  as aulas de natação. 

As utentes Carla Emília e Carla Oliveira também já participaram no Rancho Folclórico do CIRE mas atualmente o único utente do CAO 3 que faz parte desta modalidade é o Alfredo. 

No CAO 3 os utentes têm idades compreendidas entre os 17 e os 47 anos: os "veteranos" da sala são a Maria José e o Alfredo, ao passo que os "cassulas" são o Rubén Vilhais e a Ana Jorge que foi a última utente a transitar do ASE para o CAO (março 2014). 

Apesar da discrepancia etária desta sala, os utentes têm todos uma relação muito especial entre si e protegem-se muito uns aos outros. São todos muito queridos, bem-dispostos e capazes de adaptar os seus comportamentos aos diferentes contextos que lhes são apresentados. 

Importa ainda salientar que no CAO 3 o amor anda no ar devido aos seis casais de namorados apaixonados que existem nesta sala: Rubén Vilhais e Carla Oliveira; Ana Filomena e Zé Miguel; Neuza e David; Zeca e Dário; Susana Catarina e Rubén Herculano; Alfredo e Isabel Rosa (monitora). Todas as relações amorosas são especiais mas a paixão platónica entre o utente Alfredo e a monitora Isabel Rosa é uma das relações mais duradouras e cuja faísca inicial remonta a uma das colónias de férias em que participaram há já alguns anos.

À parte dos amores e desamores que os ocupam 7 dias por semana, estes utentes têm Psicomotricidade à quinta-feira, com o Técnico António Silva, e sessão de cinema às terças-feiras (ver artigo "Sessões de Cinema no CAO 3"). As terças-feiras e as quartas-feiras também são dias especiais nesta sala, uma vez que a monitora Maria João conta com o apoio da Terapeuta Rita Almeida e da Psicóloga Elsa Batista, que se deslocam até ao CAO 3 com o intuito de realizar atividades ludicó-terapeuticas de uma maior complexidade, como sejam a moldagem de plasticina e os trabalhos com materiais de texturas distintas (ex: colagem com sementes, massas, arroz, tecido, etc.).

Convém ressalvar que a monitora do CAO 3 possui alguma liberdade para a realização de diferentes atividades, não havendo um calendário rígido a ser seguindo, o que acaba por promover a existencia de uma maior variedade de tarefas que contribuem para a manutenção da boa disposição entre os utentes desta sala.

A monitora Maria João está ligada ao CIRE desde os seus 18 anos, altura em que começou a voluntariar na Instituição e a desempenhar todo o tipo de atividades nos quais era necessária algum tipo de ajuda, como sejam as aulas de natação, as limpezas, os transportes, etc.. A Maria João disponibilizou 4 os seus anos somente para se dedicar à prática de voluntariado na nossa instituição. 

No ano 2000 assinou o contrato com o CIRE e passou a efetiva, começando o seu percurso profissional na valência Educacional (atualmente conhecida como ASE) onde permaneceu durante 2 anos e criou uma enorme afeição pelo utente Bruno Homem.

Depois da Educacional a monitora Maria João transitou para o CAO onde permanece até aos dias de hoje. Dentro desta valência, começou por trabalhar com a sala CAO 4 (2 anos), depois passou para a sala CAO 2 (vários anos) e por fim para a sala CAO 3 onde já está à 2 anos e trabalha diariamente com o objetivo de oferecer aos seus utentes a melhor qualidade de vida possível, aliada à constante boa disposição e clima de festa muito apreciado por todos.

A monitora procura igualmente que os utentes ganhem autonomia ao nível da realização dos cuidados básicos de higiene, idas à casa de banho e da própria alimentação, tudo feito sempre com supervisão, sendo que atualmente a única utente que ainda é mais dependente à hora da refeição é a Carla Oliveira, mas mesmo ela já começa a comer a pela própria mão. 

Para além disto é ainda colocada diariamente uma tala no pé da utente Neuza para que esta ganhe uma maior estabilidade e autonomia ao nível da locomoção. 

Importa ainda no âmbito desta sala referir que o utente Dário, em particular, já frequentou o ensino regular, sabe ler e possui alguma autonomia ao nível da utilização do computador, competências  que são diariamente exploradas, com o intuito de se poderem desenvolver mais ainda.

Resumindo e concluindo, o CAO 3 é uma sala muito animada, onde se desenvolvem variados trabalhos no sentido de explorar as capacidades de cada utente, sempre sob supervisão da dedicada monitora Maria João que dá tudo de si a estes utentes, recebendo em troca um enorme carinho e cumplicidade.